Uma grande da parte da população brasileira abriu mão de sair de casa para prestigiar o último capítulo da novela exibida na Rede Globo de Televisão às 9 horas, na sexta-feira do dia 19 de Agosto, assim Insensato Coração atingiu 47 pontos de média de audiência com 77% de participação conforme o Jornal da Mídia[1]. Realidade que mostra o quanto o brasileiro gosta de uma boa dramaturgia.
No entanto, chegando direto ao ponto, aqueles que assistiram à novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares poderam perceber o final glamoroso de Natalie Lamour (Débora Secco) que saiu das capas de revistas masculinas direto para o Plenário em Brasília, ocupando o cargo de Deputada Federal. Na referida novela, esse fato chegou a ser cômico devido à popularidade da personagem, no entanto, quando isso acontece na vida real, fica mais parecido com um drama do que com um fato que deve ser encarado com bom humor.
Esse episódio me fez pensar o número de vezes que nós, brasileiros, povo heróico e, perfeitamente, alistados eleitoralmente escolhemos nossos representantes de maneira equivocada. Muitos afirmam que a vida imita a arte, mas no meu ponto de vista é o contrário, a arte apenas retrata o que acontece na realidade, assim, no caso de Natalie Lamour, não é diferente.
Os nossos Poderes Legislativo e Executivo estão contaminados pelo despreparo, pelo comodismo ou conformismo do povo brasileiro, ao passo que a corrupção é marca registrada e hoje, já se pode dizer, com muito desprazer, que está inerente ao poder público. Quando se fala em corrupção, a sociedade associa de forma imediata aos representantes públicos que foram eleitos para cuidar do bem comum ao invés de enriquecer em detrimento dos desamparados e segregados socialmente.
A eleição de personagens cômicos na vida real consiste em uma prova evidente de que o brasileiro é visto como um “bobo” o qual acha que seu papel é apenas se manter em dia com a justiça eleitoral, porém não estando em dia com o seu dever de cidadão que, por sua vez, não se restringe apenas a votar, mas sim votar certo e escolher representantes capazes de resolver os problemas comuns, além de colocar em primeiro lugar a concretização da dignidade da pessoa humana.
O que os cidadãos da República Federativa do Brasil precisam é de um banho de educação e qualificação cultural- o que não seria conveniente para as “sanguessugas” do poder, uma vez que são eleitos mediante a ignorância popular. As crianças e os adolescentes devem ser instigados a se interessarem pela vida política do seu país, não simplesmente porque é interessante ver como a nação funciona politicamente, mas para saber como funciona o dia a dia da própria sociedade, para saber como agir diante de situações corriqueiras das quais exigem a ação popular.
O país deve reacender a chama da esperança também nos adultos e naqueles que contribuíram relevantemente para o andamento social, os idosos. Esses também devem ser reeducados, incentivados e ressuscitados para a vida política a fim de ensinar aos jovens o real dever do cidadão, que é cuidar do seu país e de seus semelhantes.
A educação abre portas, porteiras e janelas para o crescimento pessoal e profissional, mas isso deve ocorrer simultaneamente com o crescimento nacional, visto que o desenvolvimento consiste em um ciclo o qual quando é interrompido, prejudica todo o seu andamento. #FICADICA.
[1] http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2011/08/20/Ti-Ti-Ti/Final_de_Insensato_Coracao_marca_.shtml
Como disse Bertolt Brecht, o pior analfabeto é o analfabeto político. Parece que a maioria das pessoas não enxerga ou não quer enxergar isso. Sobre a novela, eu creio que as pessoas busquem na ficção o que nunca poderão ter ou viver na realidade. A questão do final da personagem foi uma crítica descarada a esse analfabetismo supracitado no nosso querido país. #TodosChora
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