Parei para pensar sobre o andamento da vida, sobre como as pessoas encaram a realidade e colocam seus desejos acima de qualquer coisa. Não estou falando daqueles que negligenciam seus princípios a fim de conseguir o almejado, mas daqueles que, assim como eu, buscam de forma honesta e honrada a satisfação pessoal, mais precisamente a profissional.
Tenho visto pessoas abrindo mão de momentos amorosos, de lazer com a família ou amigos ou momentos dos quais nos trazem bastante alegria e sensação de prazer por horas e horas de mergulho nos livros em busca de conhecimento ou aperfeiçoamento para tornarem-se mais capazes de conseguir mais ou o melhor, mais dinheiro, mais uma casa na praia em local melhor, mais seguro ou um melhor emprego com garantia de retorno ou de ascensão profissional.
Não quero mostrar hipocrisia nessas frívolas palavras, visto que é isso que também busco no meu dia de estudo. Busco um futuro que possa desfrutar com mais tranqüilidade, um emprego que eu possa me encontrar como pessoa, cidadã e profissional, que eu tenha a capacidade financeira de gozar de viagens, de lazer, capacidade de consumir sem me preocupar com restrições, que eu possa dar conforto para minha família, reunir amigos quando tiver vontade enfim. Vivemos sempre em busca de algo melhor, algo que nos conforte na nossa velhice e que tenhamos orgulho dos momentos que deixamos de viver no passado para viver no futuro.
No entanto, sempre esquecemos aqueles que não alimentam nenhuma expectativa de futuro, não porque não querem, mas porque não possuem elementos para isso. O que me fez pensar sobre tal assunto foi uma reportagem exibida nesse domingo (14 de Agosto de 2011) no programa Repórter Record, o qual mostrava o quão é sofrida a vida da população que vive na região mais conhecida como Chifre da África, localizada no nordeste desse país e composta pela Somália, Eritreia, Etiópia e Djibouti. Região essa que é marcada pelos conflitos que, por sua vez, condenam a sua população a viver na miséria, além de obrigá-la a recorrer à fuga com destino a campos de refugiados em países vizinhos que também não possuem elementos necessários para assisti-la.
Vocês devem estar se perguntando o que tem a ver a nossa busca por uma vida melhor e o sofrimento dessas pessoas. Simples, enquanto nós que temos condições de estudar, trabalhar e buscar um conforto tão desejado, essas pessoas buscam apenas viver. Todo dia acordamos e damos de cara com nossa escrivaninha da qual só temos que nos esforçar para aprender mais, fora aqueles que todo dia vão em busca do seu trabalho. Essas pessoas, às vezes nem dormem preocupadas com a alimentação, ou melhor, com a falta dela para saciar a fome de seus filhos no dia seguinte, além da escassez de água que é tamanha ao ponto de uma caneca pela metade ser dividida por dez pessoas, sendo sete crianças.
São cenas de muita tristeza, que me fez pensar, e espero que façam vocês também pensarem, no quanto somos ricos em apenas ter onde comer, morar, água para beber, família para abraçar nos momentos felizes ou tristes, ao passo que muitas crianças perderam seus pais e irmãos nas guerras civis. Somos ricos porque podemos buscar o melhor, uma vez que o básico já temos.
Essas cenas mostradas pela reportagem já mencionada fizeram-me lembrar de um livro que li ainda quando estava me preparando para prestar o vestibular. A obra se chama Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto que narrava em versos a história de um sertanejo que, em busca de uma vida “melhor”, seguiu para o Recife. Durante seu trajeto Severino (protagonista da obra) visualizou cenas de muito sofrimento da qual a morte, em decorrência da miséria, fazia-se predominante, entretanto, mesmo com tanta dor, Severino não desistiu de viver e de tentar.
Diante disso, a esperança de Severino, de alguma maneira, assaz representa a esperança desses povos africanos que buscam apenas a vida e não o melhor que ela pode nos dar, como nós esperamos e buscamos.
Por isso que, há algum tempo, eu vejo o meu copo sempre meio cheio. O problema é quando comparamos a nossa vida com a de pessoas que ocupam melhor posição que a nossa. E aí entra em questão uma cultura de contrastes, onde a pobreza em países ricos em minérios (30% de todo o planeta) é extrema. É fato. É real. É triste. E não é preciso ir até a África pra ver isso. Podemos começar a fazer alguma coisa por aqui mesmo.
ResponderExcluirO pior é que nunca saimos do podemos fazer isso ou aquilo, se continuarmos na teoria, nunca chegaremos no fizemos isso ou aquilo.
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