domingo, 17 de abril de 2011

O MONSTRO DO REALENGO?

O mundo inteiro assistiu à lamentável tragédia que ocorreu na escola do Rio de Janeiro, mais precisamente no Bairro do realengo. O rapaz que se denominava Wellington Menezes de Oliveira entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio, no dia 7 de Abril de 2011, e praticou a primeira chacina da história da República Federativa do Brasil tendo um lar educacional como palco. Fato esse que resultou em 12 crianças mortas e inúmeras famílias assustadas, abrigando a dor da insegurança e do desespero.

Conforme a mídia e os noticiários, juntamente com depoimentos da família do autor da barbárie, dá a entender que esse sofria de uma doença chamada esquizofrenia, mazela que provoca alucinações, fazendo o indivíduo confundir o real com a fantasia. No entanto, além de ser portador da esquizofrenia, o jovem afirmou em vídeos caseiros que sofreu provocações e humilhações quando fazia parte do corpo discente dessa instituição educacional.

Esse fato- que abalou o Brasil e estampou capas de jornais do mundo inteiro- reavivou as discussões sobre bullying na sociedade, tema esse que é vivido na prática por muitas crianças que, consecutivamente, sofrem em ter sua dignidade violada todos os dias em um local que deveria ser exemplo de respeito e educação. O irônico é perceber que a mesma sociedade que pratica essa violência também a sofre, no caso da escola do Realengo, a criatura agiu contra o criador, ou seja, a sociedade que criou o monstro foi abalada demasiadamente por ele. Quantos monstros a sociedade não criou quando negou assistência necessária para um determinado grupo de pessoas? Os altos índices de criminalidade respondem a essa pergunta.

Vale salientar que mais uma vez o país pobre imita os países ricos, considero isso ainda como um processo de “aculturação”, fenômeno esse que difunde a cultura dos mais poderosos a qual as mais frágeis absorvem, visto que nossos noticiários informavam com freqüência casos como esse em países estáveis econômico e socialmente, como os Estados Unidos, sendo a primeira vez que ocorre em um país com estabilidade menor.

Diante de tudo isso será que o monstro do realengo é mesmo um monstro? Ou é apenas um reflexo da uma sociedade que não assiste seus componentes de forma adequada? O fato é que o meio social mostra-se com uma morosidade eterna e mesmo sendo palco de tragédias como essa, reluta em acordar e deixar de ser sujeito reflexivo na sua própria história, pois a chacina do realengo é mais um episódio de um “espetáculo” que parece não querer fechar as cortinas.

4 comentários:

  1. Só não vale culpar o Estado. Usar o determinismo pra atribuir ao passado o que se faz no presente não é o caminho. Mas, de qualquer forma, é um ponto de vista.

    "O homem não é nem monstro nem anjo, e a desgraça é que aquele que deveria agir como anjo age como um monstro." Blaise Pascal

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  2. É verdade, o Estado não é culpado de tudo! A final não tem como ele controlar todo o comportamento humano, no entanto, acredito que se fossem colocadas em prática as normas e os direitos dos cidadãos de maneira adequada e responsável, muitos fatos como esse poderiam ser evitado! Obrigada pela atenção Anderson! E continue expressando seu ponto de vista,pois é essencial para a construção desse espaço!

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  3. A questão é muito mais complicada do que minha ignorância me permite analisar. Tem que consertar a base de tudo... E você acaba de ganhar um leitor assíduo. :)

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