quinta-feira, 23 de junho de 2011

ESCOLA DA VIDA

A perda é a forma mais dolorosa de ensinamento que a vida oferece, é uma maneira de aprender a lhe dar com situações difíceis, aprender a buscar soluções para sanar o sentimento de frustração, além de aprender a se satisfazer com o que restou.

O homem contemporâneo está habituado a lograr vários anseios, é marcado pelo desejo material, pela futilidade, pela ganância do “mais”, sendo assim, não conseguiu, em geral, absorver a capacidade plena de se conformar com o que não pode adquirir; a frustração e o advérbio de negação “não” são sentimento e expressão, respectivamente, que deixam o homem em um estado de desorientação, sem rumo que, por sua vez, pode resultar na ira, seguida da agressividade.

A família desestruturada também fomenta a desorientação do indivíduo, mais precisamente do adolescente. Os pais passam muito tempo fora de casa buscando a melhor condição financeira, e como recompensa aos filhos, cedem a todos os seus caprichos, deixando de ensinar que o não também faz parte do verbo viver. Assim, cria-se um jovem frágil, incapaz de resolver e resistir as suas dores, ao passo que não consegue enxergar a realidade diante de si.

Perder algo que era valioso ou alguém que era importante para o seu bem-estar e felicidade consiste em um fato que a vida insiste em mostrar como aprendizagem, mas também a própria vida mostra as soluções, a partir daí é o homem que precisa exteriorizar sua perspicácia para perceber os recados que o mundo ao seu redor propõe.

A tristeza é apenas um complemento para o crescimento interior, a fraqueza é um momento transitório, como o próprio termo momento já mostra, a qual também integra o sentimento de perda, porém o seu caráter passageiro deve ser efetivado, uma vez que a vida não para, ela continua permanentemente. Portanto, busque o melhor que há em você e seja feliz simplesmente por ser capaz de buscar sua felicidade e aprender com o vazio que a escola da vida deixou. Olhe para trás e sinta orgulho do que viveu, mas olhe para frente e veja o quanto ainda pode viver e aprender com as felicidades e os percalços colocados na sua trajetória de vida. Seja forte e boa sorte!

terça-feira, 21 de junho de 2011

IMAGINE

Imagine um lugar onde o sorriso no rosto de uma criança simbolize a felicidade de viver em um local seguro; imagine um lugar onde o companheirismo supera a adversidade; imagine um lugar onde a cooperação é maior do que a competição; imagine um lugar onde a amizade é mais comum do que a inveja; imagine um lugar onde as autoridades servem o seu povo; imagine um lugar onde a democracia é praticada com assiduidade; imagine um lugar onde o falso moralismo é suplantado pela tolerância e pelo respeito; imagine um lugar onde os negros podem andar livremente pelas ruas sem serem confundido com delinqüente; imagine um lugar onde o cidadão comum é tratado com regalias comparadas as dos grandes empresários; imagine um lugar onde a mulher tenha sua mão-de-obra tão valiosa quanto a do homem; imagine um lugar onde o preconceito é extinto sem precisar de nenhuma política de combate a sua extinção; imagine um lugar onde os jovens não são ameaçados pela presença das drogas; imagine um lugar onde a educação pública forma profissionais de extrema qualidade; imagine um lugar onde o crime seja exceção; imagine um lugar onde a fome seja personagem com baixíssima audiência; imagine um lugar onde a igualdade de direitos não seja apenas princípio, mas fato; imagine um lugar onde a discriminação seja apenas com a homofobia, com o racismo, com a intolerância religiosa e com o etnocentrismo; imagine um lugar onde o negro e o branco andem de mãos dadas em busca de um futuro melhor; imagine um lugar onde esse futuro melhor se transforme em um presente melhor; imagine um lugar onde a sustentabilidade ambiental prevaleça sobre as inovações tecnológicas e onde a natureza conviva pacificamente com o desenvolvimento econômico; imagine um lugar onde os direitos sociais sejam objetivo primário da atividade política; imagine um lugar onde a felicidade de ver suas necessidades saciadas esteja estampada no rosto do povo. Agora imagine se esse lugar existisse.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

PRECONCEITO CAMUFLADO

O programa jornalístico Conexão Repórter da noite de ontem (01/06/2011) abordou um problema que, infelizmente, ainda se faz assaz vigente na sociedade brasileira: o preconceito racial. Problema esse que foi esquecido, em geral, pelas autoridades públicas, ao passo que os debates sobre essa seara foram enfraquecidos pela irreal afirmação de que o racismo está sendo suprimido de forma corriqueira.

Venho contestar essa afirmação mediante outra: o preconceito racial não está sendo extinto da sociedade, mas o que está havendo é apenas uma camuflagem dessa triste realidade que possui raízes históricas. Desde a implantação da escravidão, no Período Colonial, que o negro tem sido tratado como um ser inanimado, como alguém que por natureza própria é inferior ou como um instrumento de trabalho. Hoje, já se fala de certa evolução no combate ao racismo; de fato, não se pode negar que a realidade hodierna é menos dolorosa do que a anterior.

O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 defende que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (...) garantindo-se (...) a inviolabilidade do direito (...) à igualdade (...)”. Sabe-se que é conhecida como Constituição Cidadã justamente por garantir a dignidade da pessoa humana em toda sua extensão. Na mesma, também está redigido que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei” no artigo XLII. Portanto, é evidente que a lei discrimina o preconceito racial, no entanto, a lei não reflete a sociedade em sua totalidade.

Ações que traduzem o preconceito é frequentemente relatado no dia a dia social, assim, não basta apenas o reconhecimento de direito do racismo como crime, mas o que realmente necessita-se é de um reconhecimento de fato. A camuflagem desse tipo de discriminação é prejudicial ao desenvolvimento moral da sociedade, o que se vê é uma extrema hipocrisia ao afirmar que o preconceito é, atualmente, minoria. Diante disso, não adianta esconder o problema e fingir sua inexistência, uma vez que é uma atitude errônea por não extingui-lo corretamente.

É mediante uma educação moral que o preconceito racial poderá ser suprimido com veemência, atividade essa que deveria ser iniciada nos primórdios do desenvolvimento humano, ou seja, na infância, através na união da família, da escola e do poder público em geral.

Medidas afirmativas desenvolvidas pelo setor administrativo constituem no seu embasamento a ideologia de que servem para diminuir a segregação de negros nas universidades e no mercado de trabalho. Mesmo que seja uma medida que esteja proporcionando resultados relativamente satisfatórios, não consiste em uma atitude definitiva, mas apenas algo paliativo, ao passo que o negro será verdadeiramente incluído no meio social mediante a extinção do preconceito através do método educacional, tendo como foco a moral e a ética.

É inadmissível verificar que em um país que mostrou um grande desenvolvimento econômico, uma das dez maiores economias do mundo, social e cultural, um país que chegou a aprovar o casamento homossexual, que reconhece os direitos das mulheres e dos negros; ainda possuir nas suas entranhas resquícios bastante evidentes de preconceitos originários em uma época que o conceito de cidadania ainda nem era cogitado.

Grupos de extermínios de negros, vergonhosamente, compõem a sociedade mundial, realidade essa que demonstra um retrocesso contemporâneo, demonstra ainda a ineficácia da proteção dos direitos humanos, da igualdade como elemento de discurso desses, além da utopia representada pelas constituições democráticas.

Foi exposto no decorrer do programa inicialmente citado o caso de Simone, uma empregada doméstica, de cor negra, que foi rejeitada quando procurava emprego devido à exigência de uma pessoa branca para ocupar o cargo de empregada. Ela entrou com o pedido na justiça de crime de racismo, pedido esse que foi negado pelo juiz ao afirmar que ela não tinha sofrido preconceito. No entanto, Simone recorreu à justiça da Organização dos Estados Americanos que, por sua vez, julgou procedente o crime de racismo, e, pela primeira vez na história, um país foi responsabilizado por não punir o crime de racismo.

O fato de uma mulher ter que procurar a justiça internacional para ter seus direitos assistidos, uma vez que a sua pátria não os proporciona eficazmente, demonstra claramente a inércia do poder público para com a realidade mostrada. País esse que se julga com uma democracia avançada e de alta qualidade, sendo esmagada por uma realidade medíocre e vergonhosa.